segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Polícia Civil prende em um mês 139 foragidos envolvidos em crimes de homicídio

Nunca se prendeu tantos matadores, afirma o chefe da Polícia Civil gaúcha, delegado Ranolfo Vieira Junior. E a constatação vem embasada em números. Um grupo de 574 policiais civis foi destacado, em junho, para a primeira etapa da Operação Caronte, com o objetivo de capturar autores de assassinatos com mandados de prisão decretados pela Justiça.

Um mês depois, a ação motiva comemorações entre os agentes: já foram presos 139 foragidos. Para se ter uma ideia, foram quase cinco capturados por dia (4,6), enquanto, em maio, a média foi de um preso a cada dois dias. O nome da ação é uma referência ao barqueiro mitológico que recebia pagamento para transportar os mortos. 

Nem todos os foragidos cometeram o crime por encomenda, mas alguns, com certeza. É o caso de um suspeito conhecido como Gauchinho, preso em 19 de junho em Gravataí. Ele está com prisão preventiva decretada pelo assassinato de três integrantes do Movimento de Libertação dos Sem Terra, em Minas Gerais. 

Ele foi reconhecido por uma criança, sobrevivente da chacina. O crime teria sido encomendado por um traficante de drogas. O delegado Cleber Lima relata que outros presos na ação apontam que Gauchinho teria recebido R$ 7 mil pelo crime. 



Houve prisões em 47 municípios gaúchos. A Região Metropolitana concentrou o maior número de capturas. Além de Porto Alegre, com 24 presos se destacam Alvorada (sete prisões), Gravataí e Viamão (cada uma com seis presos).

A surpresa vem pela captura de vários foragidos em cidades que não costumam aparecer no topo do ranking de homicídios. É o caso de Santo Ângelo e Uruguaiana, onde foram presos oito e sete foragidos, respectivamente.

— É que muitos cometem o crime e depois fogem para lugares calmos do Interior — pondera o delegado Emerson Wendt, do Gabinete de Inteligência da Polícia Civil e um dos coordenadores da operação.

Há criminosos que também escapam para outros Estados. Policiais civis gaúchos prenderam, em Posse (GO), um foragido suspeito de um assassinato ocorrido em 2006 em Santo Augusto, no noroeste gaúcho. Vários dos homicídios pelos quais os foragidos foram presos, aliás, foram cometidos na década passada.

Um experiente policial explica: quanto mais tempo passa após a decretação da prisão, mais desprevenido está o foragido.

Curva de mortes em ascensão
A Operação Caronte é uma resposta da Polícia Civil a um problema que tem causado dor de cabeça às autoridades. É que a curva estatística dos homicídios está em ascensão. Em maio, o número de assassinatos cresceu 13,7% em relação ao mesmo mês de 2011.

O cenário piora, se for observada a estatística acumulada. Nos cinco primeiros meses de 2012 houve um crescimento de 25,8% dos homicídios, na comparação com o mesmo período do ano passado.

O delegado Emerson Wendt acredita que os números de junho, ainda em fase de compilação, mostrarão uma ligeira queda na tendência de aumento registrada ao longo do ano. Isso por vários fatores.

Um deles, a Operação Caronte e o reforço da Polícia Civil em investigar casos antigos. Outro, pela ação da força-tarefa da Brigada Militar — que desde o início de maio deslocou cerca de 200 PMs do Interior para Porto Alegre, Alvorada, Cachoeirinha, Gravataí e Viamão, cujo objetivo maior é prevenir homicídios.

A Polícia Civil também colocou no seu site o cadastro atualizado de 41 foragidos por homicídio no Rio Grande do Sul. São pessoas condenadas ou com prisão preventiva ou temporária decretada pela Justiça. Quem tem informações pode preencher um formulário e sua identidade é preservada. A Operação Caronte vai até agosto, mas pode ser prorrogada até o final do ano.

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